quarta-feira, 21 de julho de 2010

Nosso maior inimigo

Ontem, tive uma experiência interessante. Encontrei no shopping minha amiga psicóloga, Ana Mercedes. Tomamos um suco e ficamos conversando sobre depressão pós parto. Eu tive depressão pós parto e passei por várias etapas até estar aqui hoje, falando abertamente sobre minha experiência com a doença.
Após dois anos sob medicação, decidi, sozinha suspende-la. Foi o caos! uma destruição absurda no meu mundo interior.
Dois anos após a suspensão do remedinho, percebi o quão mais forte, mais alegre e solta eu estou. Já em casa, deitadinha no meu sofá,me peguei a refletir sobre o sintoma da depressão,tentando descobrir o que há de novo no mundo e que contribui para seu agravamento. Nessa trajetória, deparei-me com a palavra submissão.
O Larousse diz que: Submeter é aceitar, é colocar-se na posição de assujeitado.Isso é perigoso, pois produz infelicidade, inveja.
Ou seja, eu passo a querer destruir no outro o que eu não tenho ou não lutei pra ter. Essa postura coloca a pessoa na mira da depressão. Não persistir na busca da auto aceitação ou na busca da própria verdade é grave. Conheço um time de invejosos dos quais passei a sentir compaixão a partir de ontem!
A depressão nos tira a paixão, nos faz abandonar nossos sonhos e isso nos deixa tristes. Passamos a invejar os sonhos que os outros realizam e a critica-los por isso; por terem a ousadia de viverem aquilo no que realmente acreditam. E isso exige coragem! Assumir nossas próprias escolhas exige coragem!!
A coragem pra vencer a depressão começa a brotar quando deixamos de culpar o exterior pela nossa ausencia de felicidade.
A posição de vítima é muito confortável! Permaneci algum tempo nela, digo com propriedade! É vida que não presta ou o outro que não nos permite a felicidade!
Romper com paradigmas dói, cansa, demora. É sofrido encarar nossas derrotas e recomeçar. Recomeçar é reinventar. É fazer de novo, de forma aprimorada o que já fizemos antes, com outros personagens, outros cenários.
Não estou aqui, amigos, leitores, visitantes, desafetos, simpatizantes e curiosos,fazendo uma apologia ao " mande tudo pro espaço". Estou compartilhando minha experiência ao despertar para uma nova consciência. Ao assumir que era necessário enfrentar de cara limpa a doença, eu descobri o quão forte e sensível eu sou! Construí novos caminhos, coisas lindas e sólidas, cores mais alegres para o meu dia e o de minha filha.
Descobri que nós somos nosso maior inimigo, ao não construirmos um bom motivo para viver e lutar. A sociedade vive nos oferecendo obscenidades; o capitalismo adora transformar coisas irrelevantes em relevantes. Quem garante que riqueza material é garantia de felicidade?
O que torna a vida gostosa é gente. Geralmente os ricos não sabem amar, pois o amor exige mais coisas do que presentes. Amar é dar o que não se tem. O mundo dos objetos por si só é precário. Quando se dá o que se tem, quando se acena com objetos, o sujeito está mais interessado em se livrar das cobranças e carências de quem ele na realidade NÃO ama; mas usa como válvula de escape, uma espécie de muleta.
Como essas pessoas cheias de dinheiro, de amantes, de “amigos” são sós!
Aprendi que a saída para a depressão está na travessia do enigma, enfrentar a esfinge e formular uma posição própria diante da vida. Na verdade, o que nos entedia é a recusa em transformar um cotidiano de mesmice em substância humana.

Delirei quando li Baudelaire em sua obra “Acerto com Deus”: Tu me deste tua lama, e dela fiz meu ouro.

Aninha, te amo!!!

2 comentários:

  1. Amar é dar o que não se tem... Simplesmente fantástica a colocação. Parabéns pelo texto, profundo e delicado ao mesmo tempo, e com uma mensagem para elevar a estima de qualquer pessoa. Bjo grande. Te adoro!!

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  2. Zuki.. vc me emociona.. Sou grande admiradora do seu trabalho. Sempre nos divertimos muito né? Sua presença aqui é de muita alegria pra mim. Beijos.

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