domingo, 25 de julho de 2010

O céu de Dom Quixote e o inferno de Hamlet

Meu querido amigo Ronaldo Moraes (saudades!!!) me emprestou um livro que ainda não tive oportunidade de devolver. Fala sobre os diferentes níveis de consciência humana. Interessantíssimo! Complexo feito aquele "O Universo numa casca de noz",mas esclarecedor e tremendamente libertador!
Estive refletindo sobre algumas lições dessa obra hoje pela manhã, após o culto. O Pastor disse que " mulheres extraordinárias têm desafios extraordinários"... Achei isso lindo! Essas palavras me fizeram lembrar desse livro, que usa dois personagens opostos como exemplo.
Dom Quixote - preciso dizer que o amo - era um homem simples, quase prozaico. E era tremendamente especial por isso! Encontrava motivação e felicidade nas coisas mais cotidianas, na mera observação do que acontecia ao seu redor. Era capaz de se sentir feliz com o simples fato de almoçar. Por ser um homem simples, encontrava riqueza e felicidade em seu interior, a despeito de quais fossem as circunstâncias externas.
Vem uma tempestade mental e lembro-me de Hamlet. Já me vem algo sombrio! Ao contrário de Dom Quixote, que era um homem bem enraizado no instinto e na fé, homem de coragem, capaz de enfrentar e resolver tudo o que lhe aparece, Hamlet já nos traz a tragédia, o príncipe que consegue transformar em caos o fracasso e tudo o que o toca. Homem dilacerado, trágico e auto-indulgente.
Hamlet, coitado, é nosso mais profundo exemplo, em toda a literatura, do homem dividido e cansativamente sofredor.
Dom Quixote foi escrito por Cervantes no Século XVI. Li que, a não ser por esta obra, ele não teve grandes momentos em sua vida, que aliás, foi bem miserável. Ele viveu uma vida fracassada, mas criou uma obra prima que ultrapassa séculos embelezando nosso imaginário.Viveu na mesma época que Shakespeare. Este, nasceu nobre. Viveu confortavelmente e desfrutou de boas oportunidades. É como se ambos estivessem de costas, Cervantes olhando para trás e criou um homem de fé inabalável, onde tudo funcionava em termos poéticos e que viveu sem ser contaminado pelas vicissitudes da realidade. E, ainda assim, talvez ele fosse tão mais consciente do que quem o considerava louco. Sua paixão pela busca de sua Dulcinéia imaginária, suas vitórias ainda que fantasiosas lhe deram uma vida cheia de emoção e alegrias.
Shakespeare, em Hamlet, olhou para a frente e fez uma previsão de como seria o homem moderno: Preocupado, cheio de ansiedades, doente da alma e com um vazio existencial imenso e incertezas infindáveis;mas, que precisa ser sociável, bem sucedido, líder que fracassa em sua vida pessoal porque é centrado em seu ego.
Minha parte quixotesca é forte! Ainda espero um amor que caiba nos meus sonhos. Faço mil planos dos quais tenho certeza que jamais se concretizarão, mas que são gostosos de cultivar. Travo batalhas contra moinhos de vento. Venço todas! E, quando minha porção Hamlet insiste em aflorar, eu até permito. Só pra trazer meus pés de volta ao chão. No livro onde encontram-se estes ensinametos que ora compartilho com vocês, diz que se eu for capaz de esperar um tantinho mais quando estiver naquele terrível período da noite escura da minha alma, chego salva até a manhã para ouvir a melodia dos pássaros dando graças pelo sol morninho e pela grama molhada do orvalho. É.. a noite também produz coisas boas em sua escuridão silenciosa.
Ronaldo, amigo... Como tenho saudade de você!!! Você é meu louco preferido! Bjs.

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